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Prazer imediato > satisfação a longo prazo: a fórmula para a procrastinação

Procrastinar é algo tão comum, que me arrisco a dizer que é uma das coisas que nos faz humanos: Procrastino, logo existo!

Já falei em outros textos sobre a relação entre a procrastinação e o medo (de falhar, da dificuldade e do desconforto), o perfeccionismo e o otimismo. Esses são motivadores típicos quando o que temos para fazer é novo, difícil ou chato, como nas obrigações do trabalho, nas tarefas domésticas ou quando queremos mudar um comportamento de muito tempo, como começar a academia, fazer uma dieta ou parar de fumar.

E quando procrastinamos coisas fáceis, legais e que gostamos de fazer?

Você adorar ler, mas está cheia ou cheio de livros intocados na estante?

Gosta de desenhar, passear, tocar violão, escrever, cozinhar, encontrar com amigos e amigas, mas não consegue se lembrar da última vez que fez essas coisas, pois está sempre deixando para depois?

Pode parecer inexplicável que a gente enrole para fazer coisas que nos dão prazer e satisfação. Porém, há uma lógica para essa procrastinação.

Repare no que você escolhe fazer no lugar dessas outras coisas. Comer, assistir séries, filmes, futebol, vídeos no youtube, navegar na internet, facebook, instagram, twitter, whatsapp. O que essas coisas têm em comum? A passividade e o prazer imediato.

A satisfação pode ser até menor do que quando você faz o que realmente gosta ou valoriza. No entanto, numa análise superficial de custo-benefício, elas são uma forma muito mais rápida e fácil de se obter prazer.

A nossa mente é muitas vezes guiada pelo imediatismo e pela lei do mínimo esforço, principalmente quando estamos experimentando um período de estresse e frustração ou sobrecarregados com as demandas do dia a dia (̶o̶u̶ ̶s̶e̶j̶a̶,̶ ̶q̶u̶a̶s̶e̶ ̶s̶e̶m̶p̶r̶e̶). Porque essas situações costumam trazer à tona a ideia de que MERECEMOS ou PRECISAMOS de uma “dose de bem-estar” urgentemente.

É mais ou menos assim:

Se você gosta de cozinhar e, eu presumo, de comer também, preparar uma receita para depois comê-la pode dar muito mais prazer do que comer um bombom. Mas o esforço despendido nesse último caso é muito menor e a sensação de bem-estar atinge o seu cérebro muito mais rapidamente.

É fato que a satisfação de comer o bombom acaba mais rápido também, mas a mente não está preocupada com isso naquele momento, depois ela vê o que faz... Quem sabe até comer um outro bombom e depois um outro e depois um outro e a caixa inteira (um dia a gente fala mais sobre outros perigos de deixar a nossa mente se guiar somente pelo prazer imediato).

Ou tipo esse meme aqui.

A pegadinha é que a nossa mente faz essa análise de custo-benefício de uma maneira tão rápida e automática, que muitas vezes não nos damos conta do processo da análise, ficando cientes somente da decisão final: “Ah, vou ficar aqui fuçando no Netflix ao invés de encontrar os amigos”.

É necessário trazer consciência para esse processo e deliberadamente relembrar dos benefícios e recompensas que teremos se agirmos de acordo com o que importa para nós. De certa forma, precisamos nos esforçar para retomar o controle das nossas ações (̶a̶i̶,̶ ̶a̶l̶g̶u̶é̶m̶ ̶f̶a̶l̶o̶u̶ ̶e̶m̶ ̶e̶s̶f̶o̶r̶ç̶o̶?̶ ̶C̶a̶d̶ê̶ ̶o̶ ̶m̶e̶u̶ ̶b̶o̶m̶b̶o̶m̶?̶).

É curioso, mas para nos livrarmos desse tipo de procrastinação, precisamos ser capazes de adiar, deixar para depois, enfim, necessitamos PROCRASTINAR o prazer imediato, em função de um bem-estar mais sustentável e duradouro a médio ou longo prazo.

E essa procrastinação, minha gente, é difícil pra caramba!

Arrisco dizer que é uma das coisas que nos faz humanos: tenho dificuldade para postergar o prazer, logo existo.

Esse texto é parte de uma série sobre possíveis causas para a procrastinação. Se quiser ler mais sobre o tema, é só ir clicando aí embaixo nos posts relacionados.

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