top of page

Os MEDOS por trás da procrastinação

Deixar para fazer depois o que gostaríamos ou deveríamos estar fazendo agora, pode trazer consequências negativas para a nossa vida, além dos sentimentos de frustração, culpa e vergonha (falei um pouco sobre isso aqui), mas ainda assim, a gente continua procrastinando.

Ao contrário do que muita gente pensa, preguiça e má vontade NÃO são os principais e nem os únicos motivos para a procrastinação. Há muitas razões por trás da escolha de adiar a realização de uma atividade, uma delas é o medo.

O medo de falhar, de não conseguir, de ser difícil demais e o medo do desconforto, do cansaço ou do trabalho que vai dar. Muitas vezes procrastinamos para nos proteger das nossas previsões desconfortáveis com relação ao que temos que fazer.

A procrastinação e as nossas previsões catastróficas

Obviamente, se estamos postergando uma tarefa é porque ainda não começamos a fazê-la. Isso significa que tudo o que temos sobre ela são ideias e previsões mentais sobre como será o processo de realizá-la, mas a nossa mente é especialista em fazer previsões catastróficas sobre o futuro (mais sobre isso num outro texto) e, por isso, a ideia de realizar uma tarefa pode vir acompanhada de um “mau presságio”, que causa medo e mal-estar.

Se o que queremos fazer é muito importante para nós, é possível que queiramos evitar qualquer falha. E, assim, a nossa mente rapidamente associa a ideia de começar a fazer uma determinada tarefa com a ideia de que podemos cometer algum erro.

Quando temos que fazer algo pela primeira vez, não sabemos de antemão como será o nosso desempenho e nossa mente já começa a prever catástrofes: vai ser muito difícil, pode ser que eu não consiga.

Às vezes, o que pretendemos fazer é algo que já nos levou a falhar no passado ou mesmo que tenhamos sido bem-sucedidos por um tempo, não fomos capazes de manter (como uma dieta, por exemplo). Nesse caso, a mente é rápida em associar as falhas anteriores com a previsão de falhas ainda maiores no futuro.

Por fim, se o que temos para fazer é chato, dolorido ou trabalhoso e sabemos disso porque já fizemos algo parecido e sentimos as consequências na pele anteriormente, o que nossa mente fará? Ela intensificará as memórias dessas consequências ruins do passado, nos fazendo lembrar do quão chato, dolorido e difícil foi e prever que será ainda pior passar por isso novamente. Além disso, ela minimizará a percepção dos nossos próprios recursos para lidar com essa situação, trazendo à tona a ideia de que não vamos suportar o desconforto.

Convenhamos, se essas catástrofes profetizadas pela nossa mente fossem reais, evitar ou adiar ao máximo a realização dessas tarefas seria uma medida de autopreservação, não é mesmo?

Porém, previsões são apenas previsões, não são fatos sobre o futuro!

Além disso, as previsões da mente costumam ser bastante tendenciosas, nos mostrando somente uma das possibilidades - a pior delas -, deixando de fora as possibilidades de obter sucesso e de que teremos recursos para lidar com qualquer desconforto ou dificuldades que possam aparecer.

Essas previsões e associações são feitas de uma maneira tão rápida e sorrateira pela mente, que na maioria das vezes não tomamos consciência delas. Ficamos somente com um certo desconforto causado por esse “mau-presságio inconsciente” e, então, buscamos aplaca-lo com a realização de uma atividade que nos distraia e leve embora o mal-estar. Não é por acaso que geralmente os comportamentos escolhidos quando procrastinamos são aqueles que nos dão prazer imediato.

Pare para pensar sobre o que você tem procrastinado

Quais ações, comportamentos ou tarefas você tem adiado? Como você prevê que será realiza-las? Vai ser difícil demais? Pode ser que não consiga? Quer evitar falhas a qualquer custo? Vai dar muito trabalho? Vai ser chato demais?

Se você identificar que sua mente tem feito previsões catastróficas para as tarefas que pretende realizar, busque ser mais realista!

Que evidências você tem de que será tão difícil, doloroso, chato ou trabalhoso? Será que a mente não está deixando de fora a possibilidade de que você possa aprender durante o processo ou até se descobrir gostando do que está fazendo?

É muito importante treinar a nossa mente a manter uma atitude mais curiosa sobre o futuro, pois a verdade é que não sabemos como ele será.

Entretanto, se você acredita ter evidências suficientes de que precisará suportar um enorme desconforto para fazer o que tem que ser feito. Lembre-se que, ainda assim, sua mente pode estar exagerando.

Mesmo que seja chato, mesmo que seja difícil, mesmo que seja dolorido e mesmo que ocorram falhas, nada disso será tão ruim quanto a sua mente previu! A gente sempre tem mais recurso do que imagina para lidar com possíveis desconfortos e dificuldades.

A verdade é que você já está lidando com um desconforto bem maior que é a sua própria frustração por não estar fazendo o que gostaria de fazer.

Esse texto é parte de uma série sobre possíveis causas para a procrastinação. Se quiser ler mais sobre o tema, é só ir clicando aí embaixo nos posts relacionados.

Posts Relacionados
Deixe um comentário
Categorias
Procurar por tags
bottom of page